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quinta-feira, 1 de outubro de 2009

FICHAMENTO

FICHAMENTO: CONCEITUAÇÃO E FINALIDADE

O fichamento constitui um valioso recurso de estudo de que se valem os pesquisadores para a realização de uma obra científica. Os procedimentos descritos, que garantem a prática eficaz do fichamento, assustam o estudante que se depara pela primeira vez com tal metodologia. A prática contínua, no entanto, poderá leva-lo a alterar o ponto de vista e julgamento, fazendo-o perceber que o pequeno trabalho inicial reverte-se em ganho de tempo futuro, quando precisar escrever sobre determinado assunto. Um fichário do conteúdo escolhido possibilita não só a prática de uma redação eficaz, como também proporciona ao autor enriquecimento cultural. Não se recomenda, porém, o armazenamento de assuntos pelos quais não se tem nenhum interesse.

IMPORTÂNCIA DO FICHAMENTO

· O fichamento é importante porque registra as idéias principais do autor que está sendo estudado, principalmente no que se refere às citações textuais, garantindo integridade e correção da referência, para uso nos trabalho.
· Anotar idéias que ocorram durante a leitura
· Reter elementos que permitam sua seleção posterior e fácil localização no momento de necessidade

A ficha: muitos alunos consideram desnecessário a produção de fichas para a seleção do material que foi considerado fundamental por ocasião da leitura. A ficha além de didática, evita problemas futuros como não saber mais de que livro foi retirada a passagem; qual o ano da edição, editora, entre outros. Estes problemas são muito comuns na hora da elaboração do texto. Não raro o aluno destaca idéias importantes de um livro emprestado e depois da devolução, não consegue mais o original de volta para copiar a fonte. Material destacado sem a anotação da referência bibliográfica é material que não poderá ser usado. O fichamento, antes de tudo, precisa ser funcional. As anotações que ocupam mais de uma ficha têm o cabeçalho da primeira ficha repetido com exceção do número da ficha. As fichas compreendem cabeçalho, referências bibliográficas e corpo da ficha. O cabeçalho engloba o título genérico e específico e número indicativo da seqüência das fichas, se for utilizada mais de uma. O tamanho das fichas varia de acordo com as exigências do professor.
1.3.2. Elementos básicos da ficha:
a) cabeçalho que contempla o título da ficha, título específico e referência bibliográfica;
b) o corpo ou texto da ficha na qual se desenvolve o conteúdo propriamente dito;
c) local onde se encontra a obra.


Título Geral
Título Específico
N° da ficha

Referencia Bibliográfica de acordo com a ABNT



Cabeçalho


Corpo ou texto da Ficha

Local onde a obra se encontra

O mais utilizado nas avaliações na Academia é o fichamento tipo citação, do qual falaremos em seguida.

Fichamento tipo citação:

O fichamento tipo citação: aplica-se para partes de obras ou capítulos. Consiste na transcrição fiel de trechos fundamentais da obra estudada. Obedece algumas normas: a) toda citação deve vir entre aspas; b) após a citação, deve constar entre parênteses o número da página de onde foi extraída a citação; c) a transcrição tem que ser textual d) a supressão de uma ou mais palavras deve ser indicada, utilizando-se no local da omissão, três pontos, entre conchetes [...].
e) Nos casos de acréscimos ou comentários colocar dentro do colchetes [ ].
f) Colocar o número da página ao final da citação.

Exemplo de fichamento tipo citação[1] :

Metodologia Científica
Fichamento e seu uso nos Trabalhos Acadêmicos.
1
RICHARTZ, Terezinha. Fichamento e seu uso nos Trabalhos Acadêmicos. Revista Acadêmica da Faceca, Varginha, n. 3. Ago/Dez. 2002. 10 p.



“ [...] na produção de um texto científico, denomina-se citação a toda idéia de outra pessoa, encontrada pelo pesquisador em algum documento lido ou consultado durante o desenvolvimento da pesquisa,[...]”. (2-3)


(Biblioteca da Faceca)

Fichamento tipo esboço ou sumário: É o resumo do texto. Apresenta as idéias principais de parte de uma obra ou de uma obra toda, de modo sintético, mas detalhado. Esta ficha cha é importante porque permite ao leitor extrair idéias importantes disseminadas em muitas páginas, num texto pequeno mais completo. A numeração da(s) página(as) é indicado à esquerda da ficha.

Metodologia Científica
Fichamento e seu uso nos Trabalhos Acadêmicos.
1

RICHARTZ, Terezinha. Fichamento e seu uso nos Trabalhos Acadêmicos. Revista Acadêmica da Faceca, Varginha, n. 3. Ago/Dez. 2002. 10 p.


2-3 O fichamento é importante para o armazenagem de
informações retiradas do texto. Estes dados poderão ser
utilizados posteriormente nos trabalhos científicos.
6-8 Os principais tipos de fichamento são: tipo citação (cópia fiel
da parte do texto), esboço ou sumário (resumo das principais
idéias) e comentário ou analítico (crítica, discussão e análise
do texto).


(Biblioteca particular)






2.3.2.3. Comentário ou analítica – comentários, análises, justificativas, críticas, interpretações e comparações. Este fichamento é de grande valia quando feito logo após o término da leitura da obra. Quando o leitor esta lendo com objetivo determinado, por exemplo, fazer um trabalho acadêmico ou monografia, o comentário já pode ser direcionado especificamente para o trabalho em questão. Quando terminamos de ler um texto as possibilidades de traçar análises, comparações e críticas é muito maior do que dias depois. Assim aos poucos o trabalho científico vai sendo construído. No final cabe organizar as idéias nas subdivisões previstas nos trabalhos científicos.
[1] Os fichamentos realizados neste artigo são relativos ao conteúdo desenvolvido neste texto, facilitando com isso, o entendimento do teor das fichas. A numeração das páginas, portanto, não coincidem com a numeração da revista, já que o artigo, ainda não está com a numeração de página da revista que será a definitiva


COMO ESTUDAR[1]

Nereide Saviani[2]


Estudar não é apenas ler. O fato de ser ter devorado com avidez um livro - seja por achá-lo interessante, seja por se ter pressa em dar conta de seu conteúdo - não significa tê-lo estudado. Esse tipo de leitura, é, ainda, superficial. Em geral, tira-se pouco proveito de imediato e, caso não se retorne ao texto, muita coisa se perderá alguns dias após a leitura.

Estudar é bem diferente. Significa compreender o que se leu, meditar sobre os pontos principais, reter o fundamental. Por isso, o estudo requer tempo bem maior que a simples leitura. Mas seus resultados são mais profundos e duradouros.

O estudo exige várias leituras. Num primeiro momento, é importante fazer uma leitura geral, atenta, para se ter uma visão de conjunto do texto. Geralmente, essa primeira leitura suscita a necessidade de consultar o dicionário, ou anotações de aulas/palestras, ou até mesmo outras obras que estejam ao alcance e que sejam importantes para o entendimento do texto. No entanto, não convém interromper a leitura para essa consulta, salvo nos casos em que o desconhecimento de algum termo ou fato comprometa a compreensão geral, tornando impossível ou muito difícil o prosseguimento do estudo.

Mas, mesmo durante a primeira leitura, é útil assinalar as passagens consideradas mais importantes e fazer anotações ( no próprio texto e às suas margens). Isto nos permite voltar com maior facilidade aos pontos principais ou nos chama a atenção para a necessidade de retomar/aprofundar idéias expressas pelo autor. É importante, então, termos sempre lápis e caderno à mão, para assinalar ou anotar palavras desconhecidas, trechos importantes, dúvidas que surgem, pontos a serem pesquisados em outra fontes, etc...

Num segundo momento, volta-se ao texto, agora para uma leitura mais pausada, buscando sua compreensão, parágrafo a parágrafo, localizando as idéias principais e as secundárias, tentando reconstruir o processo do pensamento do autor e captar a estrutura do texto.

Num terceiro momento, cuida-se da interpretação do texto, buscando explicitar os pressupostos que justifiquem a posição do autor, fazer comparações e associações das idéias contidas no texto com outras do mesmo autor e de outros autores; formar opinião e tomar posição diante das idéias o autor. Neste caso, a volta ao texto não será necessariamente um nova leitura (parágrafo a parágrafo), mas um reportar-se apenas aos trechos ainda não totalmente entendidos, ou aos que contenham idéias centrais ou aos que mais chamaram atenção.

Depois da interpretação vem o quarto momento, o da problematização, que consiste no levantamento e discussão de questões explícitas e/ou implícitas no texto. Finalmente, a síntese pessoal, o quinto momento: a retomada do texto, com discussão, reflexão, crítica e tomada de posições pessoais.

Esses dois últimos momentos poderão ou não exigir nova(s) leitura (s) do texto como um todo (ou trechos), dependendo de como se desenvolveram os momentos anteriores e do registro que deles foi feito, e variando, também, conforme o grau de complexidade do texto.

Os momentos que se sucedem à primeira leitura exigem mais que as assinalações e anotações feitas no próprio texto ou às suas margens. Requerem um registro mais sistematizado, através de fichamentos, resumos, resenhas.

Podem-se destacar três tipos de fichamento[3]:
1. FICHAMENTO TEXTUAL - é o que capta a estrutura do texto, percorrendo a seqüência do pensamento do autor e destacando: idéias principais e secundárias; argumentos, justificações, exemplos, fatos etc., ligados às idéias principais. Traz, de forma racionalmente vizualizável - em itens e de preferência incluindo esquemas, diagramas ou quadro sinóptico - uma espécie de “radiografia” do texto.

2. FICHAMENTO TEMÁTICO - reúne elementos relevantes (conceitos, fatos, idéias, informações) do conteúdo de um tema ou de uma área de estudo, com título e subtítulos destacados. Consiste na transcrição de trechos de texto estudado ou no seu resumo, ou, ainda, no registro de idéias, segundo a visão do leitor. As transcrições literais devem vir entre aspas e com indicação completa da fonte (autor, título da obra, cidade, editora, data, página). As que contêm apenas uma síntese das idéias dispensam as aspas, mas exigem a indicação completa da fonte. As que trazem simplesmente idéias pessoais não exigem qualquer indicação.

3. FICHAMENTO BIBLIOGRÁFICO - consiste em resenha ou comentário que dê idéia do que trata a obra, sempre com indicação completa da fonte. Pode ser feito também a respeito de artigos ou capítulos isolados, a arquivado segundo o tema ou a área de estudo. O fichamento bibliográfico completa a documentação textual e temática e representa um importante auxiliar do trabalho de estudantes e professores.

Eis, em síntese, os passos a serem seguidos no estudo:

· LER – integralmente e com entendimento (visão de conjunto)
· IDENTIFICAR – o tema
· DESTACAR – as idéias principais.
· LOCALIZAR – argumentos, fundamentações, justificações, exemplos ligados às idéias principais.
· ANOTAR – dúvidas, impressões, associações, etc., despertadas pelo texto, bem como passagens que chamaram atenção.
· FORMULAR – questões cujas respostas se encontrem no texto e/ou questões por ele suscitadas.
· RESUMIR – construir um texto sucinto, que contenha as idéias mais importantes do texto estudado.
· ESQUEMATIZAR – elaborar um quadro ou sinopse que permita visualizar a estrutura, o planejamento do texto, expondo suas idéias centrais.
· INTERPRETAR – comparar/associar as idéias do autor (com as pessoais, do leitor; com outras do mesmo autor; com as de outros autores).
· CRITICAR – formar opiniões próprias a respeito das idéias do autor, fazer apreciações e juízo pessoal do texto.

Dependendo do tempo de que se dispõe e da familiaridade maior ou menor que se tenha com o texto ou tema, é possível deter-se em uns passos mais que em outros, ou “queimar” alguns, desde que não se perca de vista a necessidade de aprofundamento, para assimilação das idéias e adequado posicionamento pessoal. O importante é compreender todo o significado daquilo que se lê e refletir sobre o que se estuda, pois só assim é possível dele nos apropriarmos, aplicando-o de maneira viva às mais diversas situações.

Finalmente, alguns lembretes para a elaboração e cumprimento do plano de estudo individual:

1. Definir o que estudar e selecionar a bibliografia correspondente, determinando por onde começar.
2. Fazer o levantamento do tempo disponível e predeterminar um horário.
3. Cuidar para a garantia de algumas condições básicas para o estudo:
· Concentração – evitar ou procurar isolar os elementos de dispersão
· disciplina e organização:
n providenciar antecipadamente todo o material necessário (livro, caderno, lápis, dicionário etc...)
n cumprir o horário planejado
n fazer anotações e fichamentos
n não deixar de ler índices, prefácios, tabelas, notas de rodapé, etc...



ESTUDO INDIVIDUAL, REFLEXÃO COMPARTILHADA

Sempre que se enfatiza a importância do estudo, fala-se da necessidade de “fazer cursos”. Estes, sem dúvida, ajudam a “organizar as idéias”, traçar as linhas gerais da teoria e seus temas básicos. Contribuem para nossa formação teórica, ideológica e política, assim como palestras, seminários e outras situações de debates.

No entanto, nada substitui o estudo individual. Ele é indispensável à preparação e aprofundamento dos temas tratados, contribuindo para o aproveitamento dos cursos e participação em discussões.

É preciso, porém, empenhar-se para enfrentar desafios. Quando não se tem o hábito de estudo, fica-se impressionado ao pegar um livro. Pensa-se que só pode ser lido por quem freqüentou escola durante muitos anos. No início surgem muitas dúvidas e dificuldades, mas com o prosseguimento do estudo começa-se a compreender melhor os textos e a assimilá-los. Acima de tudo é necessário ter vontade de aprender e não desistir diante dos primeiros obstáculos.

Daí a importância do estudo individual planejado, permanente, metódico. Que tal assumir um compromisso com o estudo? E se experimentarmos encará-lo como uma tarefa a ser cumprida com o mesmo rigor que todas as outras? Para isto, nada melhor que estabelecer (e seguir) um plano de estudo individual. As dificuldades iniciais irão diminuir aos poucos, com paciência e dedicação.

Mas, convém não fechar-se em si mesmo! É melhor levar as dúvidas e dificuldades individuais para discussão no coletivo. Companheiros mais experientes ajudarão os principiantes. O plano individual terá mais resultado se conjugado a um plano coletivo. Uma boa prática é a formação de grupos de estudo, segundo o interesse por algum tema ou livro, procurando-se garantir o debate organizado, dirigido por um roteiro comum. E persistir na reflexão e no debate.




Cada grupo pode organizar sessões de estudo, na periodicidade considerada conveniente. Elege-se um coordenador e um secretário. Os participantes apresentam/discutem dúvidas, fazem comentários e decidem se devem voltar ao texto individualmente e realizar novas sessões. Quando necessário, solicita-se a presença de alguém que tenha mais acúmulo, para expor aspectos que facilitem a compreensão do texto e para auxiliar a dirimir dúvidas ou reorientar o estudo.

É importante que o grupo estabeleça prazos para divulgação dos avanços da reflexão compartilhada. Por exemplo, apresentação de seminários, produção de artigos, monografias, resenhas etc.

É este o sentido do estudo programado.
[1] Este texto é uma composição de excertos, com algumas alterações, de “Orientações para o estudo” (publicado em anexo à apostila Introdução ao estudo do Socialismo Científico, CEPS – Centro de Estudos e Pesquisas Sociais, São Paulo, 1987, mimeogr.) e de “Estudo Individual, reflexão coletiva” (matéria publicada em A Classe Operária, nº 161, 9 de julho de 1998 – p. 6).

[2] Professora Doutora em Educação – PUC/SP. Membro da Comissão Nacional de Formação do PCdoB.
[3] Cf. SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo: Cortez/Autores Associados, 2000. 21ª ed.










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